quarta-feira, 7 de maio de 2014

Raid Vale de barris

Esta prova de trail tinha a particularidade de se realizar quase em casa, num local que conhecia bem dos passeios de BTT, Vale de Barris e Serra do Louro. O dia estava excelente e a prova prometia ser um bom treino para o UTSM 100 kms e foi mesmo!

Desta vez eramos 4 elementos "Derretebanha", eu, o Bruno, o António e o João. Estava também o NAPA Paixão e as meninas, João e Anabela foram para a caminhada. Mais tarde chegariam os reforços! Estava nos primeiros Socorros a Nádia e assim fiquei mais descansado...
Depois de um pequeno briefing alinhámos e .... partida! Primeiros quilómetros em alcatrão e depois logo uma subida demolidora para ficar ao nível dos moinhos. Logo aqui fiquei no grupo da frente da corrida mas mantive o meu ritmo sem grandes pressas porque não sabia como estaria das pernas e os 30 kms iam ser em autosuficiência, algo que ainda não tinha feito.

O percurso estava bem sinalizado e ia em grupo na maioria das vezes à frente a marcar ritmo mas os companheiros a virem comigo. Durante este período ia-me perdendo uma vez e outra iam os outros por isso vale a pena acompanhar alguém porque mais olhos vêem melhor.

Quando entramos numa zona de vegetação densa e ribeira cruzamo-nos com grupos de caminheiros que nos lançam palavras de incentivo durante o serpentear dos trilhos até que quase somos atropelados por um BTT que passou a rasgar do lado direito do grupo... enfim quando pensamos que estamos no meio do mato sem qualquer risco de acontecer algo do género eis que um insensato coloca em perigo a nossa integridade física, mas felizmente foi só o susto.

As subidas iam-se sucedendo e o grupo começa a estender-se até que a meio da prova passa um companheiro mais fresco e adianta-se, eu também aumento o ritmo e o grupo começa a esticar até que no abastecimento surpresa fico sozinho, já tinha 18 kms nas pernas e tinha acabado de agarrar um molho de batatas fritas. sabia que estava próximo uma parede terrível e ela aparece um pouco antes do previsto por volta dos 21kms.

Eram 350m de elevação e nalgumas partes andei de gatas. A meio apanho um companheiro que ia nas lonas e decido parar em cima de uma rocha e á sombra. Viro-me para Tróia e fico ali 30 segundos a retomar forças e a apreciar a paisagem e fiz muito bem. Cheguei rápido ao cume e ia em boas condições, retomei imediatamente a corrida e os estradões davam para correr.

Comecei a pensar que a prova não teria 30kms talvez menos 1 ou 2 mas no trail nunca se sabe se é menos ou mais e o percurso nesta fase era propício a falhas e aumentei a atenção. Avisto companheiros um pouco mais à frente e neste ultimos quilometros ainda passo por 2 um deles já no ultimo quilometro mas que já tinha a bateria a zero.

Quando avisto a meta foi uma alegria muito grande pois tinha a minha filha lá o que não é habitual. Acabo com 2h56m (tempo no meu relógio).

Quem me viu chegar dizia que estava com um ar fresco, mas por dentro é que se sente e mesmo sem ter andado na red line foi sempre a puxar. Aproveitei bem o abastecimento final para comer laranja, sumo e umas bolachinhas.

Depois chegou o Paixão, o António, o João e o Bruno, cada um no seu ritmo e sem lesões o que nesta altura seria terrível.

Banho e uma feijoada foi o que se seguiu depois de um breve descanso antes do almoço. Foi bom ver o grupo todo à mesa em pleno relaxamento depois de termos dado duro.

E mais uma vez tenho trabalho a seguir... vou a caminho de Algés!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Trilhos de Almourol



Naquela manhã quente de 6 de abril quando o António e o Bruno chegaram a minha casa por volta das 6h30 da manhã não imaginava a dureza de dia que iria ter. Ainda tomámos um  café e lá fomos direitos ao Entrocamento.

Chegámos ao local de transporte pelas 8h30, só tivemos tempo de recolher dorsais vestir a roupa e entrar no autocarro, a caminho da barragem do Castelo do Bode é que fomos ajeitando os preparativos.

Eram mais de 3 centenas de pessoas que se preparavam para fazer os 42 kms, uma maratona em terreno hostil. Pensava completar a prova em 4h30... errei por 59'.

Os primeiros quilómetros tinham mais subidas e fui sempre cauteloso, para não me desgastar logo aos 10 kms, mas sempre me bom ritmo. No abastecimento dos 7 kms cometi a asneira de beber Coca-Cola e fiquei mal disposto, mas depois passou. Nesta altura avistava atletas, mas grande parte do percurso já era feito em solitária. Fui bem até ao terceiro abastecimento, 19 kms, mas já tinha 2h30 em cima das pernas e pensava que faria o restante em 2h, passei um rio e o terreno começa a ficar mais plano, ainda se apanha uns estradões que dão para correr, mas começo a ficar bastante desgastado, talvez porque o corpo não está habituado a mais de 3h a correr.

Consegui manter um ritmo lento mas constante, fui comendo, bebendo, metendo gel energético e fui arrebitando. Por volta dos 26kms o abastecimento tinha muita bebida e comida e no final ainda dividi uma mini com mais dois colegas e lá arranquei.

Custa muito retomar a corrida depois de parar... as pernas parece que bloqueiam e custam a trabalhar mas depois de se forçar um pouco a coisa vai.

A partir do penúltimo abastecimento começa o fim do mundo... era rios, túneis cheios de água e lama e mais lama.... Num dos túneis o atleta que ia à minha frente pergunta a um elemento da organização: "olhe que eu não sei nadar..." A parte final da prova tinha tanta lama que era difícil correr, até que por volta dos 37 kms passa por mim um casal e ela ia a lutar para o pódio, atrelei-me ao ritmo deles e começo a sentir as pernas a funcionar novamente, ainda fui 2 kms com eles mas depois sinto que posso acelerar.

Sinto que estou perto do fim e entramos nas estradas de alcatrão um jardim e quando penso que acabou o piso mau eis que vamos novamente para as couves... e com as perninhas feitas num oito aparece um rio com um caudal fortíssimo e uma pedras grandes e escorregadias para meter os pés. Com a ajuda de 2 elementos da organização lá passo, faço mais uma rampa e eis que chego novamente ao alcatrão. Acelero para os últimos 2 quilómetros e ainda passo 4 corredores que iam em ritmo muito lento.

Avisto o pavilhão... entro e lá está o pórtico da meta... faço uma paragem mesmo sobre a linha de meta e está lá o Bruno, que tinha interrompido a prova aos 19 kms, e ainda pouso para a foto com a medalha.

Bebo, como e repouso... vou para a fila das massagens e quando chega à minha vez começo com cãibras nos adutores até que tive de interromper, pois tinha de descontrair para retomar. Tomei banho e depois começo a sentir-me melhor. Eu e o Bruno aguardamos pelo António e ele chega com cerca de 6h30.

Ainda tivemos tempo para ver a chegada dos últimos concorrentes, um deles o Nuno Gião que tinha ido treinar a Almourol, enquanto bebíamos uma jola.


9.ª corrida SLB

Entrei nesta corrida com um objetivo muito claro: ADIDAS Smart Run!
Durante o mês de março aceitei um desafio lançado pela Helena Fernandes de participar nos treinos do Correr Lisboa, um grupo de corrida que está a atingir uma dimensão muito interessante. Tinha de participar em alguns treinos, alguns deles com atletas de elite, como o Hermano Ferreira e a Dulce Félix, entre outros. Depois tinha de ir a duas provas, Meia Maratona de Lisboa e Corrida SLB, nas quais a soma da classificação geral dava prémios aos 10 primeiros e assim foi. Tinha feito 2.º lugar na Meia de Lisboa e tinha dois amigos a morder-me os calcanhares, o primeiro é de outra divisão...



Entrei na corrida definindo um ritmo de 4'00/km e logo na primeira rotunda avistei o João S. Antunes que tinha feito 4.º lugar na meia, ia com 200 metros de vantagem. Mantive o ritmo e sabia que mais à frente iria ter outro ponto de viragem para ver a diferença e nesse sitio já me estava a aproximar do João, mas já dentro do estádio comecei a ficar muito perto dele e mesmo no túnel de saída passei por ele, ainda o cumprimentei e segui.

Continuei sempre no mesmo ritmo e sentia-me bem, ia de tal maneira concentrado que ouvi várias vezes o meu nome do outro lado da estrada e a unica pessoa que reconheci foi o David que vinha equipado até às orelhas por causa da chuva.

Nos ultimos 3 kms comecei a ter a certeza que estava novamente em 2. lugar e reduzi um pouco o andamento, começava a chover e o piso estava perigoso, não queria cair ou lesionar-me... e ver o relógio a voar.

Ainda fui passando por vários atletas Correr Lisboa, o ultimo o Pedro Cardoso já na ponta final, ainda o desafiei para melhorar o tempo mas já ia nas lonas. Termino com 40' e mais uns pozinhos e a chuva era já bastante forte.

Depois da meta ainda cumprimentei a Céu Nunes que tinha chegado mesmo à minha frente, com um tempo de luxo, pena que a Meia Maratona não lhe tivesse corrido tão bem, apesar do excelente tempo que fez. O Francisco ficou muito para trás e depois vim a saber que se tinha deixado dormir....

Depois foi recolher ao carro porque estava muito mau tempo e aguardei que o Camané, a Carla, o Marinho e o Sandro chegassem.

À tarde tinha jogo....




segunda-feira, 17 de março de 2014

Meia Maratona de Lisboa - Ponte 25 de Abril


Esta começa a ser uma prova emblemática, mais de 40.000 pessoas a passar a Ponte 25 de Abril e quase 10.000 para a distância maior, os 21.095 metros.

O dia começou bem cedo, 6h30 toca o despertador, 7h10 apanho o David em casa, 7h40 deixo o carro no Restelo e às 8h00 estamos no Hotel Tiara, ainda com tempo de descansar nos sofás do átrio e falar mais um pouco sobre a prova.

Os autocarros saem às 8h40 e chegamos ás portagens por volta das 9h10, onde já estão alguns milhares à espera do tiro de partida. Vamos à tenda VIP onde algumas centenas acotovelam-se para uma ultima refeição antes da prova, aproveito para beber um café.

Falta mais de uma hora para o início da prova e continuamos a apreciar o belo dia que faz, as pessoas e os seus rituais pré-prova, os equipamentos, as conversas, enfim o frenesim habitual de uma grande prova de atletismo. A elite está lá em baixo onde é a partida dos craques. Entretanto chega o grupo do GFD liderado pelo Ernesto Ferreira e ainda lhe tiro uma foto, são muitos e com corredores de grande valia.

Tentamos avistar o grupo dos BRRunners que estava por ali mas nada... já tinha faltado a foto de grupo do Correr Lisboa por impedimento de chegar à zona onde estavam.

À medida que o tempo vai avançando está cada vez mais pessoal a aquecer e eu também o faço, foram pelo menos 10m+alongamentos+10m tudo num ritmo muito descontraído.

Vamos para a linha de partida e conseguimos ficar encostados à fita, na primeira linha. RTP a filmar, reporteres fotográficos a disparar e ainda se colocam os últimos fios das passadeiras de controlo do tempo. O presidente da CML também já anda por ali, pois dará o tiro de partida.

Um minuto antes da hora lá vamos nós, o tabuleiro da ponte está limpo e os atletas mais rápidos ficam com uma imagem que só nesta ocasião é possível de ter, o David avança muito rápido com o entusiasmo e eu começo a rodar perto dos 4'/km. Ao final da ponte já tinha sido naturalmente ultrapassado por 4/5 centenas de atletas mas o objetivo de chegar entre os primeiros 500 mantinha-se. Desci para Alcântara e avisto o PP no público, ainda lhe grito e ele responde. Primeiro abastecimento bebo água e passa por mim um atleta com uns calções de leopardo e descalço... ele acabaria à minha frente e admiro-o pela coragem de enfrentar o alcatrão daquela forma. Despejo um pouco de água pela cabeça pois o calor já se fazia sentir.

Aos 7/8 kms sinto-me desgastado e ingiro um gel, bebo mais água e sigo. Consigo manter o ritmo 4'10/15 e começo a sentir-me melhor por volta dos 12/13 kms, onde ingiro o segundo gel e mais água. Volto a deitar água pela cabeça em grande quantidade pois precisava de refrescar.

O facto de ter ritmos muito constantes leva-me a que na fase final das provas ultrapasse muitos atletas e partir de Belém começo a passar muitos que já deram o estoiro e ganho mais alento. Sei que ainda tenho um abastecimento de água e fruta, aos 16kms perco um pouco de atenção ao relógio e quando penso que vou para o km 17 faço o 18!! Logo a seguir apanho meia banana, meto na boca sem mastigar e vai-se desfazendo nos metros seguintes. Consigo melhorar o ritmo nos 3 quilómetros finais e começo a pensar que vou conseguir novo record.

No ultimo quilometro mantenho o ritmo e faço uma pequena aceleração a 300 metros da meta, ainda passo mais alguns atletas e termino com novo máximo de 1h29m17s, tempo de chip e em 413.º da geral.

Retenho-me um pouco pela área da meta e entro para a zona VIP. Muito giro... muita gente, cruzo-me com os vencedores da prova e ainda vou cumprimentar a Lena Fernandes que estava acompanhada de algumas estrelas do desporto, Dulce Félix, Hermano Ferreira, Nuno Delgado. Deu para beber água, cerveja e comer fruta e bolo. A tenda VIP estava a abarrotar, presidentes, ministros e outras individualidades...

Ainda passei nas massagens do GFD e o Ernesto já estava a bater num senhor... este pessoal da fisioterapia trata assim as pessoas que lhe pedem ajuda!

Vou na direção do carro e as pernas ainda funcionam bem, não tenho muitas dores mas estou bastante cansado. No carro faço os alongamentos e tomo o recuperador que tinha preparado.

Daqui a 15 dias tenho a corrida do SLB!











segunda-feira, 10 de março de 2014

1.º Trail - Elvas

Ontem foi dia de me estrear em Trail... e foi uma boa estreia a todos os níveis!

Para começar a organização de uma prova deste tipo que obriga a uma quase perfeição nas marcações, abastecimentos, recursos humanos e foi exemplar. Parabéns ao Clube Elvense de Natação que esteve excelente, ainda por cima foi a 1.ª edição!

Mas vamos a factos: viagem em dois carros devido a alterações de ultima hora da equipa CAT -Barreiro que obrigou os "derretebanha" a mudanças logísticas. Chegámos a Elvas ao início da noite para levantar os dorsais e reconhecer o local de dormida. Tudo tratado arrancámos para o restaurante Adega Regional onde o Bruno tinha feito a reserva de mesa para 3. Destaque para o WC... em tons de vermelho e muito elogiado pelos clientes... há quem repare em coisas do arco da velha. Migas, batatas, arroz, carnes fritadas, costoletas, frango com bacon... tudo regado a tinto de juromenha! O Bruno não... tive de ser eu e o António a vasar a garrafa.

Depois de bem alimentados regressámos ao Estádio de Atletismo de Elvas, procurámos o nosso canto para dormir e calhou-nos o Posto médico, onde a organização tinha colocado Tatami's para maior conforto das costas. Tinhamos tudo, espaço para colocar colchões e sacos-cama, WC e tomadas para carregar telefones e afins.

Depois de acomodados iniciamos o descanso merecido, mas a luz de presença teimava em não se apagar e durou toda a noite... parecia de dia e incomodou um pouco, mas deu para descansar. A alvorada estava assegurada pelo iPad do António onde soaria o beautiful day dos U2...

Mas não foi necessário pois o Bruno encarregou-se de começar os preparativos bem cedo e acordámos antes das 7h e foi bom porque deu para comer e preparar tudo com calma. Açai, cereais, aletria e bolachas com marmelada fizeram parte do menu. Tudo arrumado nos carros, fotos da praxe e fomos para a pista. Não deixa de ser estranho uma prova de trail começar e acabar em tartan...

Depois de um ligeiro aquecimento partimos para a aventura... e que grande aventura!! Primeiros quilómetros logo a subir à grande, empedrados, escadarias, ruelas... ao fim de 3 kms já estava a ferver nas pernas, andava à procura de um ritmo mas neste tipo de prova não dá, quem faz o ritmo é o percurso e a nossa capacidade de adaptação tem de ser grande.

Talvez me tenha desgastado muito no início pois sentia-me exausto ao fim de 4 subidas muito inclinadas onde conseguir andar já é bom. Depois aparece de tudo, buracos, pedras, ervas, vedações, valas, linhas do comboio, tuneis com água pela canela, muros para saltar... e de vez em quando um pouco de alcatrão.

Antes do segundo abastecimento uma queda brutal onde bato com a cara no chão... pensava que me tinha aleijado mais, mas ao levantar-me percebo que apenas o joelho estava a sangrar retomei a prova libertando um palavreado pouco aconselhável... logo de seguida um abastecimento, sempre cheios de fruta, bebidas e até amendoins. Foram estes abastecimentos que me ajudaram a recuperar forças.

Cheguei a meio da prova e estava muito cansado, ia com 1h32m, dentro do que tinha estabelecido pois queria fazer a prova dentro das 3h. A partir daqui e com um percurso mais amigável decidi proteger-me um pouco e evitar o cansaço extremo, no entanto mesmo com um terreno leve aparecem sempre dificuldades, uma delas uma ribeira com água pelo joelho, cheia de pedras e onde tive de andar uns minutos. Sair com os pés gelados e retomar o andamento é difícil mas ao fim de uns minutos já não se sente nada.

A ultima meia dúzia de quilómetros foi em gestão de esforço, só queria chegar sem me aleijar e assim foi, mesmo assim ainda ultrapassei dois companheiros que já estavam nas lonas, principalmente com a ultima parede colocada a menos de 1 km da meta. Entrada no estádio e volta à pista para acabar com 3h11m os 31 kms da prova.

Mesa repleta de comida, parei ali 5 minutos para abastecer a barriga e de líquidos. Fui para a fila das massagens colocada em pleno relvado. A Gold Nutrition também estava lá a fornecer o Fast Recovery, muito útil para uma recuperação mais rápida.

O António completou a prova 33 minutos depois e o Bruno 56 minutos.

Depois um belo banho e segui para reguengos onde me aguardava 4 horas de pé a arbitrar.... vida dura!

  





quinta-feira, 6 de março de 2014

Maratona de Sevilha 2014


Esperei uns dias para escrever esta crónica pois queria relatar o antes e o após.

A preparação desta maratona começou na mesa de operações em julho passado... só em agosto retomei a atividade e apenas em Outubro comecei a treinar forte para este desafio.

Outubro e novembro foram os meses de habituar a máquina a mexer e em Dezembro e janeiro a quilometragem bateu nos 300kms/mês, algo que ainda não tinha acontecido em qualquer preparação para provas.

Consegui fazer 5 treinos de 28/32 kms, treinos de ritmo, dias de descanso bem programados (8 por mês) o que me valeu a sensação de andar fresco apesar da carga de treinos.

Terminei a preparação satisfeito com o trabalho possível em tão curto espaço de tempo e convicto que conseguiria atingir o record pessoal de 3h19.

Lá fomos para Sevilha, uma cidade extraordinária, a ida à feira para buscar os dorsais é como o aquecimento porque a partir daí começamos logo a pensar muito na prova. Deu para descansar, passear, comer, desfrutar e fazer o ultimo treino, apenas 4 quilómetros junto ao rio. O Camané testava o seu novo ADIDAS Smart Run que dava mais distância que a real e o Hugo com o nervoso miudinho de quem vai a esta maluquice pela primeira vez.

Na véspera carregamos a máquina de hidratos e pronto quando demos conta estávamos perto da linha de partida. Nesta manhã deu para descarregar 3 vezes... realmente o nosso organismo é uma máquina maravilhosa... desculpem a inconfidência!

A ideia era rodar a 4'35''/4'40'', andei os primeiros 10 kms um pouco abaixo mas muito confortável. Na segunda dezena mantive-me abaixo dos 4'35'' e passei à meia maratona com 1h36 o que significava que poderia chegar ao fim abaixo de 3h15. Até aos 30 kms a máquina começava a ficar mais cansada mas as pernas continuaram a rolar perto dos 4'35'' o que era muito bom sinal, mas sabia que ia entrar na fase complicada e apenas o que tinha conseguido até ali era não ter as pernas derretidas e uma moral muito forte para manter o ritmo.

Para isto muito contribuiu uma boa gestão dos liquidos e gel (25 e 30 kms) e do 30 ao 35 km o ritmo continuava na mesma, parecia um relógio suiço, comecei a ultrapassar muitos atletas a partir daqui mas a frescura física já era e sabia que iam ser 8/10 kms de grande sofrimento e foram...

Do 35 ao 40 km comecei a rodar perto dos 4'40'' o que não era mau, mas o esforço para manter este ritmo era muito grande nesta fase, valeu a passagem no coração de Sevilha com milhares de pessoas e onde continuava a ver atletas a desistirem, a andarem e a ultrapassar (foram pelo menos mais de 400 atletas a partir da meia maratona). Ver os outros a ficarem para trás e eu a conseguir ir dá moral não há duvida e foi um animo suplementar.

Já faltava pouco, a corrida andava perto do estádio e eu só pensava em ver o túnel de entrada... já me sentia a quebrar (fiz os últimos 2 quilómetros a 4'44'') mas nesta fase nada nos faz parar, ainda tentei acelerar mas percebi que tinha um músculo a dizer que não podia.

A entrada no estádio olímpico de Sevilha é um momento inesquecível, fazer aqueles últimos 300m na pista como os atletas profissionais é uma sensação muito boa, avistei a meta e o relógio marcava 3h14m30s, fiz os ultimos 100m com uma grande satisfação pois sabia que iria terminar abaixo de 3h15 e assim foi o tempo de chip ficou nos 3h14m38s, tinha acabado de tirar 5m ao meu record.

Foi a maratona que acabei em melhores condições apesar das pernas estarem uns farrapos. Nunca colapsei, e com todos os kms abaixo de 4'45''. Foi uma prova solitária, o camané avançou logo no km 1 terminando com 3h07 e o Hugo 3h49 com um final terrível, obrigaram-me a ir sozinho!

No final foi a sessão fotográfica com a medalha, as bebidas, incluindo uma cervejinha, figos, tâmaras e laranjas.

Dois dias depois tentei fazer um treino de recuperação, o meu colega Xico acompanhava-me mas logo nos primeiros 20m disse para se ir embora, quase que não dobrava os joelhos e terminei o único quilometro que fiz em 6'54'', voltei a andar...

Só passado 7 dias me senti sem dores e cansaço físico. na segunda semana já fiz treinos sem sentir demasiado as pernas é que já se avista novo desafio... UTSM 100kms!







sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Treinos Longos - Maratona



Quando se toma a decisão de participar numa maratona existe a necessidade imperativa de aumentar a quilometragem semanal, principalmente com treinos longos.

Dependendo do ponto de partida do corredor 4 meses é o período mínimo para conseguir uma preparação adequada. Estas 16 semanas devem ter uma média semanal de 40 quilómetros, no início, para terminar a fazer semanas de 60/70 quilómetros.

3 a 4 treinos por semana é suficiente para uma preparação sólida, mas 5 é um número ainda melhor.... Atenção que o descanso é uma parte muito importante do treino e pelo menos 2 dias por semana temos de recuperar, não precisa de ser de papo para o ar, mas são os dias onde não se deve correr, podemos fazer outros exercícios de complemento à corrida.

Esta é uma semana tipo para o início da preparação:

segunda - descanso
terça - 5 km
quarta - 9 km
quinta - 5 km
sexta - 8 km
sábado - descanso
domingo - 16 km (longo)

Total - 43 kms

Nesta fase os treinos longos são de 16 kms, mas ao fim de 4 semanas passam a 22/24 kms, sem termos que fazer grandes aumentos nos restantes treinos.

Se tudo estiver a correr bem, ou seja se o corpo não se queixar de cansaço excessivo ou lesões limitadoras faz-se um aumento gradual nos treinos e com alguma facilidade estamos ao fim de 2 meses a fazer 50/60 quilómetros por semana.

A pouco mais de 2 meses do grande dia, temos 6 semanas onde devemos introduzir os longos a roçar os 28/32 kms... pois é custa mas tem de ser e com um treino destes por semana temos metade da quilometragem cumprida, os outros 30/40 podem ser divididos durante os outros dias da semana.

Esta é uma semana tipo a 6 semanas da maratona:

segunda - descanso
terça - 9 km
quarta - 15 km
quinta - 9 km
sexta - 15 km
sábado - descanso
domingo - 30 km (longo)

Total - 78 kms

Se tudo estiver a correr dentro da normalidade e mantendo estes treinos longos até 20 dias da maratona, estaremos certamente em condições de fazer a distância em boas condições e diminuir o sofrimento.





segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

GP Fim da Europa 2014

Já lá vão uns aninhos em que andava para participar nesta prova e por uma razão ou por outra nunca tinha acontecido, mas foi este ano! Na companhia do camané, Hugo e Hélder lá fomos para o centro histórico de Sintra.

Eram 17 kms entre Sintra e o cabo da Roca pelo meio da Serra. Mas antes da prova os preparativos: esta prova obriga a uma logística muito diferente pois a partida e a meta estão muito distanciadas. Optámos por utilizar o transporte da organização de regresso a Sintra depois da prova.

O dia até estava bonzinho mas ao chegar a Sintra ficou chuvoso e com neblina, só faltava o vento mas esse era fraco. Lá deixámos as mochilas nas carrinhas da organização e fomos aquecer pelas ruelas de Sintra, o Camané ainda teve o cuidado de escolher as mais estreitas e escorregadias mas o pessoal aguentou-se sem quedas.

A partida na mólhada só teve um aspeto curioso quando me cruzei logo nos primeiros 100m com uma "atleta" com traços chineses em biquini e botas de ski.... não percebi o que fazia ali naquela figura, mas ainda hei-de investigar sobre este assunto.

O início era demolidor com uma parede de 4 kms onde havia que ter paciência e assim foi sempre nos 5'30''/5'40'' e a passar muitas pessoas que tinham arrancado depressa demais e que já estavam a pagar a fatura.

O percurso é realmente muito bom em termos paisagísticos, talvez o mais bonito que vi até hoje e foi muito agradável ver também muitos ciclistas que até paravam para assistir à passagem dos corredores. Dois abastecimentos bem colocados na distância ajudaram a ganhar forças.

A minha corrida foi sempre a 90/95% pois á tarde tinha jogo e não podia ir aos limites, mas num ou noutro sítio estiquei para ver como reagia e senti-me bastante bem. Já vi que a descer tenho mais dificuldades, aquele bater de pernas no chão provoca-me dores musculares, um indicador para o futuro treinar mais o fortalecimento muscular do trem inferior. Isto foi mais evidente já perto da meta quando o percurso ficou mais plano e voltei a recuperar lugares a atletas que me tinham ultrapassado a descer.

No final 1h17m dentro dos 200 primeiros em 1900 atletas que completaram a prova. A tenda da chegada tinha muitas bebidas, quentes e frias, e alguns alimentos que ajudaram a equilibrar o organismo. O Camané já tinha chegado á 4 minutos e estava contente com a prestação que foi acompanhada pelo Paixão. Ainda encontrei o Luis que tinha feito 1h16 e que se tinha valido da descida para fazer aquela marca. Ainda por ali, mudei de roupa que tinha no saco da organização e fui para o autocarro. Era muita gente mas passados 15 minutos lá arrancamos direitos a Sintra. O Hugo e o Hélder também foram mas o forreta do camané optou por regressar a ... pé!










quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

5h38 o despertador toca

Hoje em dia conciliar trabalho(s), vida familiar e os hobbys obriga-nos a uma ginástica de horários que por vezes é de loucos, mas vale a pena. Começou a tornar-se um hábito fazer um treino por semana a horas impróprias... levantar às 5h38 e sair de casa às 5h50 a correr não é para todos. Assim às 7h30 temos o treino feito e o resto do dia desocupado para as restantes tarefas. Custa? Ai custa, custa... mas compensa!

Segredos:

- Combinar com alguém para treinar com hora exata de encontro;
- Deitar cedinho... é só fazer contas se tivermos que dormir pelo menos 7 horas;
- Deixar tudo preparado, roupa e outros acessórios, não vai ser aquela hora que vamos andar a escolher meias...;
- Dormir com alguma da roupa de correr já vestida, ah pois que andar despir e vestir só atrasa;
- Beber água e comer uma coisa leve, rápida (tosta com mel) e um café (ajuda a queimar gordura e desperta);

Abrir a porta de casa e pensar "mas o que estou eu a fazer aqui a esta hora?"... não, tem de ser "enquanto os outros dormem eu tou a correr", agora sim está correto!

Aconselho a fazerem isto apenas uma vez por semana, senão poderão ser rotulados como maluquinhos.

Desfrutar do treino, no final um bom pequeno-almoço e banho. Que grande dia vai ser este!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Treinar no inverno


Quem pratica corrida à alguns anos já descobriu que treinar no outuno/inverno é muito mais fácil. Umas das grandes vantagens é que se pode escolher qualquer hora do dia para correr, até a hora de almoço, pois dificilmente vai estar calor, um dos grandes inimigos do treino.

É claro que a chuva pode ser um grande fator de desmotivação, mas com uma aberta, nem que seja de 5 minutos, podemos iniciar o treino, mesmo que depois venha a cair água, já estamos em andamento e aceita-se muito melhor.

Para o frio basta uma boa cobertura do corpo, incluindo mãos e cabeça, ao fim dos primeiros 500 metros estamos adaptados e por vezes até temos de retirar alguma peça de roupa.

O vento pode ser bastante desagradável, pelo que se aconselha alguma proteção extra, principalmente do tronco e face, utilizando um creme ou protetor. Aliado à chuva pode ser o maior inimigo dos corredores no inverno, mas nada como experimentar nem que seja só 3 ou 4 quilómetros e pelo menos não ficamos com a programação do treino toda lixada.

Ontem mais uma vez tive a experiência de correr com chuva e vento na companhia do Camané na ciclovia do Montijo, optámos por não correr na zona da expo para evitar pisos hostis, concluímos mais uma vez que se faz bem e no fim a satisfação ainda é maior.

Tinhamos o carro no parque do Aki, ainda deu para vestir alguma roupa seca, mas ao ficar em tronco nu com o vento e chuva senti que me estavam a espetar facas nas costas, não aconselho que façam esta brincadeira.

Para quem quer treinar o inverno é uma boa desculpa!


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ainda a S. Silvestre de Lisboa 2013

Nada melhor que terminar o ano com uma prova, fazer os 10 kms a cronómetro 11 meses depois era um bom desafio, até para testar a forma atual e perceber se o treino com vista a Sevilha estava a produzir os devidos efeitos.

As inscrições para esta prova esgotaram muitas semanas antes, há cada vez mais pessoas a correr e é nesta provas que se tiram as duvidas. O percurso era igual ao ano anterior e tinha como grande obstáculo a subida da Av. da Liberdade depois de 7 kms a esgalhar.

É muito agradável ter uma corrida na época do Natal, no centro de Lisboa, com cerca de 7.000 participantes e ao final da tarde, sem o stress de acordar cedo e ir de ramelas nos olhos.

No dia lá foi tudo no barco da Soflusa, os amigos, os conhecidos e os BRR Runners, grupo que começa a ter corredores de respeito. deu para passear entre o Terreiro do Paço e os Restauradores, fazer os últimos preparativos e iniciar o aquecimento. Ainda encontrei o Carlos Rebelo, a iniciar-se nas corridas, o Álvaro Gustavo de férias de Natal em Portugal, a Carla Neves a aquecer e muitos outros e só por isso o dia estava ganho.

À hora da partida começa a cair uma chuva de pingos grandes e o pessoal ainda se junta mais nas box's de partida, fico a 5 metros da linha na conversa com o Luís, ex-colega de turma da ESE que enverga o dorsal do Luís Onça que por lesão nas costas não pode participar. Nesta altura já o Camané se acotovela com a elite do atletismo.

Partida ao sabor de chuva, o pelotão começa a estender-se e começo no ritmo previsto a roçar os 4'10'' e lá fui sempre confortável, tanto nas pernas como nos pulmões. Aos 3 kms cruzo-me com a Dulce Félix que já ia isolada para vencer, e antes da viragem ainda avisto o Camané, mando-lhe um grito de força mas nem pestanejou pois já ia nos limites e quando assim é não o considero mal educado.

Aos 7,3 kms avisto a temida subida da Liberdade e já sabia que em condições normais acabaria a corrida abaixo dos 41m, mantive um bom ritmo a subir e ultrapassei corredores que foram muito cedo ao pote, apenas nos últimos 200m da subida comecei a sentir um cansaço extremo, mas mesmo assim termino o quilómetro da subida com 4'18''.

A pouco mais de 1000 metros da meta tinha a descida vertiginosa, mas não queria acabar com as pernas arrebentadas, pois no dia seguinte tinha 30 kms para fazer, deixei-me ir em boa passada e termino com 40'48'', ou seja bem abaixo dos 42' que tinha projetado.

Depois da chegada tiro o chip, recebo as águas e uma maçã e dirigo-me para o bengaleiro da prova, já lá estava o Camané depois de ter batido o seu record da distância com 38'45'' e que aguarda a sua vez para receber o saco. É quando nos apercebemos da confusão que estava instalada com centenas de sacos pelo chão, sem a devida organização. ao fim de alguns minutos lá encontram os nossos e viemos embora. Neste momento já havia dezenas de metros de filas para recolher sacos e houve pessoas que demoraram mais tempo nesta fila do que na corrida... uma nódoa na organização.

Viemos em corrida de recuperação até ao barco, alonguei e ainda nos encontrá-mos com o Hugo e o Marco que não tinham deixado coisas no bengaleiro.

Para a posteridade aqui ficam as classificações BRR runners:







sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Treino de força num Muro - sessão nº1 - LABoratório do TRAIL

Técnica de descida com Armando Teixeira - LABoratório do TRAIL

Treino MIUT - LABoratório do TRAIL Treino de Escadas

Treinar de barriga cheia...

Quem é que não sabe que faz mal treinar de barriga cheia? Todos sabemos isso, mas na época natalícia a atividade social obriga-nos a sacrifícios para conciliar tudo e mais alguma coisa e assim foi no passado dia 29 de dezembro.

Estava agendado um treino longo de 30/32 kms ao final da tarde e os 3 estarolas, eu o Hugo e o Camané, apresentamo-nos às horas marcadas, por volta das 17h30, ainda com o almoço a acabar de aterrar no estômago.

A solução passava por tentar moer a comida com um ritmo confortável e lá fomos a 5'20''/5'30'' mas até aos 15 kms parecia que me queria saltar a massa de peixe do Ferreirinho que eu tinha consumido em 3 suaves discos, regada pela Herdade da bombeira. Aos 22 kms lá consegui consumir um pouco de água mas gel ou barras nada entrava. A muito custo lá fui até aos 30 kms ao fim de 2h43.

Depois voltei ao local do crime... 1,5l de água, banho e sentei-me a comer....

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014


São silvestre de Lisboa 2013

Primeira corrida do ano

O dia 1 de janeiro tem sempre a tradicional corrida higiénica, uma boa forma de limpar o organismo das filhoses e companhia.

Assim foi mais uma vez com um total de 11,6 kms, divididos em 2 partes, uma de 3,4kms em regime solitário e a outra na companhia de 3 corredores de alto calibre, o António ainda a recuperar da recente lesão provocada por uma queda, o Bruno a iniciar a preparação para os 100 kms de Portalegre e o João que se aventurou pela primeira vez na corrida.

Lá fomos em amena cavaqueira, em ritmo lento que a passagem de ano ainda estava ali perto... nos ultimos 100m ainda houve tempo para uma pequena brincadeira com o João a sprintar para deixar o restante grupo a comer pó!

Depois banho e ... mesa que ainda havia restos da passagem de ano para mandar abaixo.

O início de um novo ano...

Está a começar um novo ano, altura em que se formulam resoluções especiais de forma a tornar a nossa vida um pouco melhor. Este passará a ser para mim um espaço onde contarei as minhas experiências da prática desportiva, seja ela da corrida ou outras em que habitualmente participo. Aguardem pelas notícias!