quinta-feira, 6 de março de 2014

Maratona de Sevilha 2014


Esperei uns dias para escrever esta crónica pois queria relatar o antes e o após.

A preparação desta maratona começou na mesa de operações em julho passado... só em agosto retomei a atividade e apenas em Outubro comecei a treinar forte para este desafio.

Outubro e novembro foram os meses de habituar a máquina a mexer e em Dezembro e janeiro a quilometragem bateu nos 300kms/mês, algo que ainda não tinha acontecido em qualquer preparação para provas.

Consegui fazer 5 treinos de 28/32 kms, treinos de ritmo, dias de descanso bem programados (8 por mês) o que me valeu a sensação de andar fresco apesar da carga de treinos.

Terminei a preparação satisfeito com o trabalho possível em tão curto espaço de tempo e convicto que conseguiria atingir o record pessoal de 3h19.

Lá fomos para Sevilha, uma cidade extraordinária, a ida à feira para buscar os dorsais é como o aquecimento porque a partir daí começamos logo a pensar muito na prova. Deu para descansar, passear, comer, desfrutar e fazer o ultimo treino, apenas 4 quilómetros junto ao rio. O Camané testava o seu novo ADIDAS Smart Run que dava mais distância que a real e o Hugo com o nervoso miudinho de quem vai a esta maluquice pela primeira vez.

Na véspera carregamos a máquina de hidratos e pronto quando demos conta estávamos perto da linha de partida. Nesta manhã deu para descarregar 3 vezes... realmente o nosso organismo é uma máquina maravilhosa... desculpem a inconfidência!

A ideia era rodar a 4'35''/4'40'', andei os primeiros 10 kms um pouco abaixo mas muito confortável. Na segunda dezena mantive-me abaixo dos 4'35'' e passei à meia maratona com 1h36 o que significava que poderia chegar ao fim abaixo de 3h15. Até aos 30 kms a máquina começava a ficar mais cansada mas as pernas continuaram a rolar perto dos 4'35'' o que era muito bom sinal, mas sabia que ia entrar na fase complicada e apenas o que tinha conseguido até ali era não ter as pernas derretidas e uma moral muito forte para manter o ritmo.

Para isto muito contribuiu uma boa gestão dos liquidos e gel (25 e 30 kms) e do 30 ao 35 km o ritmo continuava na mesma, parecia um relógio suiço, comecei a ultrapassar muitos atletas a partir daqui mas a frescura física já era e sabia que iam ser 8/10 kms de grande sofrimento e foram...

Do 35 ao 40 km comecei a rodar perto dos 4'40'' o que não era mau, mas o esforço para manter este ritmo era muito grande nesta fase, valeu a passagem no coração de Sevilha com milhares de pessoas e onde continuava a ver atletas a desistirem, a andarem e a ultrapassar (foram pelo menos mais de 400 atletas a partir da meia maratona). Ver os outros a ficarem para trás e eu a conseguir ir dá moral não há duvida e foi um animo suplementar.

Já faltava pouco, a corrida andava perto do estádio e eu só pensava em ver o túnel de entrada... já me sentia a quebrar (fiz os últimos 2 quilómetros a 4'44'') mas nesta fase nada nos faz parar, ainda tentei acelerar mas percebi que tinha um músculo a dizer que não podia.

A entrada no estádio olímpico de Sevilha é um momento inesquecível, fazer aqueles últimos 300m na pista como os atletas profissionais é uma sensação muito boa, avistei a meta e o relógio marcava 3h14m30s, fiz os ultimos 100m com uma grande satisfação pois sabia que iria terminar abaixo de 3h15 e assim foi o tempo de chip ficou nos 3h14m38s, tinha acabado de tirar 5m ao meu record.

Foi a maratona que acabei em melhores condições apesar das pernas estarem uns farrapos. Nunca colapsei, e com todos os kms abaixo de 4'45''. Foi uma prova solitária, o camané avançou logo no km 1 terminando com 3h07 e o Hugo 3h49 com um final terrível, obrigaram-me a ir sozinho!

No final foi a sessão fotográfica com a medalha, as bebidas, incluindo uma cervejinha, figos, tâmaras e laranjas.

Dois dias depois tentei fazer um treino de recuperação, o meu colega Xico acompanhava-me mas logo nos primeiros 20m disse para se ir embora, quase que não dobrava os joelhos e terminei o único quilometro que fiz em 6'54'', voltei a andar...

Só passado 7 dias me senti sem dores e cansaço físico. na segunda semana já fiz treinos sem sentir demasiado as pernas é que já se avista novo desafio... UTSM 100kms!







1 comentário:

  1. És lindo João...e maluco! Mas que maluqueira é essa da UTSM 100kms...tem juízo!!!;-)

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